O Corpo Nacional de Escutas é uma associação de educação não-formal, cuja finalidade é a educação integral de crianças e jovens de ambos os géneros, com base em voluntariado adulto, em conformidade com as finalidades, princípios e métodos concebidos pelo Fundador do Escutismo – Lord Baden-Powell of Gilwell – e vigentes na Organização Mundial do Movimento Escutista, e à luz do Evangelho de Jesus Cristo, segundo a doutrina da Igreja Católica Romana, que professa, assume e difunde.
O Programa Educativo do Corpo Nacional de Escutas é a totalidade daquilo que as crianças e os jovens fazem no Escutismo Católico Português [as actividades], como o fazem [o método] e a razão porque o fazem [a finalidade].
Finalidade
Proposta Educativa
Proposta Educativa do Corpo Nacional de Escutas constitui a declaração das finalidades últimas da Associação, expressando a sua intenção educativa, com base na análise das necessidades e aspirações dos jovens num determinado tempo e num contexto sócio-cultural específico.
Neste âmbito, a intenção educativa do Corpo Nacional de Escutas, adequada ao tempo e à sociedade portuguesa presentes, está expressa na Proposta Educativa:
“Educamos. Para quê?”
O CNE ajuda jovens:
• a crescer;
• a procurar a sua própria Felicidade e a contribuir decisivamente para a dos outros;
• a descobrir e viver segundo os Valores do Homem Novo.
O CNE procura, através do Método Escutista, ajudar cada jovem a educar-se…
…para se tornar consciente do Ser;
• uma pessoa responsável, autónoma, perseverante, justa, leal e honesta
• uma pessoa criativa e ousada face aos desafios e que cultiva o espírito crítico de modo a distinguir o essencial
• uma pessoa alegre, sensível e compreensiva, consciente de si própria, das suas limitações e potencialidades
• uma pessoa solidária e fraterna, que promove o respeito e a tolerância na sua relação com os outros
• uma pessoa que assume integralmente o seu compromisso cristão como opção de vida
• uma pessoa que respeita o seu corpo como manifestação de vida e com ele se relaciona de forma equilibrada
…para se tornar detentor de Saber;
• uma pessoa que reconhece as suas imperfeições e as procura superar de uma forma constante
• uma pessoa que busca sempre mais e usa esses conhecimentos para fundamentar as suas decisões, expressando adequadamente as suas ideias
• uma pessoa que valoriza as sua emoções e afectos, vivendo-os em equilíbrio
• uma pessoa atenta ao Mundo, no qual identifica o seu papel, valorizando o trabalho em equipa
• uma pessoa que procura aprofundar sempre o seu esclarecimento na Fé
• uma pessoa que conhece as capacidades e limites do seu corpo, reconhecendo as ameaças ao mesmo
…para se tornar preparado para Agir;
• uma pessoa que, comprometendo-se, age de acordo com as suas opções, respeitando os outros e o mundo
• uma pessoa empreendedora, activa no desenvolvimento de iniciativas e que cuida da sua própria formação
• uma pessoa que cultiva amizades e que vive o amor de uma forma plena, dando disso testemunho em família
• uma pessoa que assume o seu papel na comunidade, exercendo a cidadania de uma forma participativa e generosa
• uma pessoa que evangeliza pelo testemunho e pela partilha, no respeito pelas convicções dos outros, contribuindo assim para a construção da paz
• uma pessoa que, reconhecendo o seu corpo como meio para transformar o Mundo, cuida dele em harmonia com o ambiente
O CNE ajuda jovens a crescer…
…para que com o Ser, Saber e Agir se tornem homens e mulheres responsáveis e membros activos de comunidades, na construção de um mundo melhor.
Projecto Educativo
O Projecto Educativo do Corpo Nacional de Escutas é o conjunto de objectivos e métodos, traduzidos em oportunidades, que contribuem para a construção de um percurso de desenvolvimento pessoal das crianças e jovens, sendo simultaneamente uno e plural. Uno, pois suporta uma pedagogia educativa para as crianças e os jovens dos 6 aos 22 anos, consubstanciando o método escutista criado por Lord Baden-Powell of Gilwell; plural, porque composto por quatro projectos sequencialmente complementares, que são os Projectos Educativos de cada Secção.
Prespectiva Educativa
O Corpo Nacional de Escutas, na sua abordagem educativa, considera o desenvolvimento de todos os aspectos da personalidade das crianças e dos jovens, perspectivando-os – na sequência do processo internacional de Renovação da Acção Pedagógica, observadas as intenções do Fundador para o Movimento Escutista e englobando todas as dimensões da personalidade humana – em seis áreas de desenvolvimento pessoal, conforme abaixo.
• Desenvolvimento físico – o corpo
• Desenvolvimento afectivo – os sentimentos e as emoções
• Desenvolvimento do carácter – a atitude
• Desenvolvimento espiritual – o sentido de Deus
• Desenvolvimento intelectual – a inteligência
• Desenvolvimento social – a integração social
Em cada uma das áreas de desenvolvimento pessoal estão identificadas prioridades educacionais – três trilhos educativos – que tomam em consideração as necessidades e aspirações das crianças e dos jovens em particular – os objectivos educativos. Entende-se por trilho educativo cada eixo de crescimento a explorar em cada área de desenvolvimento pessoal, no âmbito dos quais se definem os objectivos de desenvolvimento pessoal.
Objectivos Educativos
As necessidades e aspirações das crianças e dos jovens, em cada uma das seis áreas de desenvolvimento pessoal, por um lado, e a capacidades [conhecimentos, competências e atitudes] por estes adquiridas nessas mesmas áreas, constituem os objectivos educativos, que se organizam em trilhos educativos.
Existem objectivos educativos finais, que são os objectivos a serem atingidos, em cada área, no final do percurso educativo, e existem objectivos educativos de secção, que constituem metas intermédias a serem cumpridas aquando da transição de uma Secção para a subsequente.
Assim, para cada área de desenvolvimento pessoal, e dentro destas para cada trilho educativo, foram definidos objectivos educativos finais e, subsequentemente, objectivos educativos de secção. Toda a descrição das áreas de desenvolvimento e seus objectivos educativos, finais e por secção, poderão ser consultados no documento original do Programa Educativo, através do ‘link’ disponibilizado no início deste documento.
Método
Estrutura Educativa
Em termos pedagógicos, o Corpo Nacional de Escutas organiza as crianças e jovens em quatro Secções de base etária, de acordo com a tabela abaixo.
Iª Secção | IIª Secção | IIIª Secção | IVª Secção | |
Designação da Secção | Alcateia | Expedição | Comunidade | Clã |
Designação do Elemento | Lobito | Explorador | Pioneiro | Caminheiro |
Faixa Etária | Dos 6 aos 10 anos | Dos 10 aos 14 anos | Dos 14 aos 18 anos | Dos 18 aos 22 anos |
Método Escutista
O método escutista, elemento pedagógico original e identitário do Escutismo, criado por Lord Baden-Powell of Gilwell, é um sistema de auto-educação progressiva, baseado em sete elementos igualmente relevantes; Lei e Promessa, Mística e Simbologia, Vida na Natureza, Aprender Fazendo, Sistema de Patrulhas, Sistema de Progresso e Relação Educativa.
No Corpo Nacional de Escutas, o método escutista encontra-se estruturado da forma abaixo descrita, sendo realçadas, quando existam, as especificidades de cada Secção.
Lei e Promessa
• Contêm a ideologia fundamental do escutismo
• O ponto central do método escutista
• Dá corpo aos outros pilares do método
• A adesão ao movimento pressupõe a adesão a estes valores
Mística e Simbologia
Cada secção tem um ambiente simbólico próprio e coerente;
• Imaginário (Espírito, linguagem, história)
• Mística (Proposta de vivência espiritual)
• Patronos e modelos de vida
• Simbologia (objectos com significado)
Vida na Natureza
Um dos elementos mais marcantes do método enquanto proposta pedagógica, permite:
• O confronto com os seus limites
• A aprendizagem da vida simples
• A aquisição de conhecimentos técnicos
• A vivência saudável ao ar livre
Aprender Fazendo
Para aprender é importante experimentar;
• Através do jogo
• Participando no processo de decisão
• Adquirindo a sua autonomia
• Através da Metodologia do Projecto
O projecto é um desafio colectivo, com um objectivo claro e uma meta temporal que compromete cada jovem na sua realização;
– 4 fases (escolha, preparação, realização , avaliação)
– Incorpora diversas oportunidades educativas
– Cria hábitos de empreendorismo
Sistema de Patrulhas
Organização em pequenos grupos com identidade e liderança próprias;
• Promove a democracia e a solidariedade
• Potencia a autonomia e a responsabilidade
• Atribui um papel a cada um
• Combate o individualismo
Sistema de Progresso
Ferramenta de suporte à progressão pessoal;
• Funciona com métrica do auto-desenvolvimento
• Baseia-se nas 6 áreas de desenvolvimento
• Em cada secção existe adesão +3 etapas
• As oportunidades educativas não são fixas
• A escolha do progresso anual é feita pelo próprio
Áreas de Desenvolvimento Pessoal
– Desenvolvimento físico – o corpo
– Desenvolvimento afectivo – os sentimentos e as emoções
– Desenvolvimento do carácter – a atitude
– Desenvolvimento espiritual – o sentido de Deus
– Desenvolvimento intelectual – a inteligência
– Desenvolvimento social – a integração social
Relação Educativa
O Dirigente do CNE é um Adulto que assumiu um compromisso pessoal e voluntário de trabalhar na implementação e desenvolvimento da Proposta Educativa do CNE enquanto Educador. Ao assumir este compromisso, assume-se uma Missão de Serviço com as devidas implicações (responsabilidades e deveres) daí resultantes.
O dirigente tem que:
• Formar os elementos
• Criar oportunidades educativas
• Cumprir normas de segurança
• Excluir comportamentos de risco
• Estar atento ao bem estar físico psicológico e anímico
Actividades
As actividades desenvolvidas e participadas pelas crianças e jovens, às quais directamente se associam algumas das componentes mais marcantes do Escutismo – acção, aventura, desafio, criatividade, contacto com a natureza, etc. – constituem a parte mais visível do Programa Educativo. É através das actividades que se constrói, em boa parte, a percepção da sociedade sobre o que é o Escutismo e são as actividades o que mais – e de facto – atrai as crianças e os jovens ao Escutismo.
Num Programa Educativo baseado em objectivos educativos, onde cada criança e jovem é desafiado a alcançar níveis prédefinidos, todas as acções levadas a cabo, seja no âmbito do Escutismo ou fora dele, são meios para alcançar esses mesmos objectivos educativos. O Escutismo propõe e realiza actividades como forma de criar e proporcionar oportunidades educativas que, em última análise, contribuam para que as crianças ou jovens alcancem os objectivos educativos estabelecidos, ou seja, para o respectivo desenvolvimento integral.
Assim, constituem oportunidades educativas, todas as oportunidades para que cada criança ou jovem possa desenvolverse nas seis áreas de desenvolvimento pessoal, e que contribuem para ir alcançando os objectivos educativos adoptados, sejam actividades, sejam propostas de desenvolvimento de competência específicas, seja a assumpção de cargos, funções e responsabilidades ao nível do bando, patrulha ou equipa. No entanto, a realização ou participação em actividades não leva automaticamente ao cumprimento de qualquer objectivo, contribui sim para proporcionar conhecimentos, desenvolver competências ou despertar atitudes que, de forma gradual e cumulativa, permitem alcançar um ou mais objectivos educativos.
A realização de actividades relaciona-se, por outro lado, com uma componente importante do método escutista – o aprender fazendo – enquanto método activo que valoriza a experiência individual para a aquisição de conhecimentos, competências e atitudes. No Escutismo, as crianças e os jovens aprendem fazendo. A aprendizagem pela acção permite uma aprendizagem por descobertas, fazendo com que os conhecimentos, competências e atitudes e se interiorizem de forma natural – experiência.
Actividades e experiência são, assim, dois conceitos intimamente interligados, embora claramente distintos. Sendo as actividades o meio privilegiado para alcançar a aprendizagem, as crianças e os jovens aprendem através das experiências que vivem nas actividades.
Neste sentido, as experiências são pessoais e expressam uma relação pessoal entre cada criança ou jovem e a realidade. Uma única actividade pode gerar diferentes experiências nas crianças e jovens que nela participam, dependendo de uma variedade de circunstâncias, designadamente a individualidade de cada um enquanto pessoa. Sendo a actividade e as oportunidades educativas nela intrínsecas comuns ao grupo, a garantia de aprendizagens individuais concretiza-se pelo estímulo a cada criança ou jovem a reflectir sobre o vivenciado, a relacionar com o seu quotidiano e a interiorizar as experiências pessoais vividas, de modo que estas possam de futuro influenciar novos comportamentos. Reforça-se assim a importância do processo de avaliação e da percepção individual de crescimento, adaptado claro a cada escalão etário.